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A vida nos ensina que o movimento da História é cíclico! E isso nos basta (aos bons entendedores, é claro) para compreendermos que os acontecimentos têm suas razões de ser, bem como as consequências advindas deles.

        O que pretendo dizer com isso? Que os últimos acontecimentos em Alto Alegre (refiro-me à onda de invasões) têm causas profundas na história de nosso Município e, evidentemente, levando a efeitos às vezes desejados, às vezes não. Senão, vejamos: o que leva cidadãos honrados a se apropriarem de terras? Via de regra, uma necessidade básica de posse daquilo que não se tem, a saber, propriedade para viver e/ou dela tirar seu sustento. Esta tem sido a mola propulsora das ações do MST (Movimento dos Sem-Terra), Brasil afora. Contudo, em nosso Município, muito embora ainda existam pessoas vivendo em situações de precariedade e vulnerabilidade social, o ato da invasão, por si só, não manifesta uma necessidade verdadeira daqueles que o praticam, mas vai justificada por grandes dificuldades de vida e sobrevivência de cada um deles e suas famílias.

        Não quero aqui, com estas afirmações, dizer que sou condizente com o que aconteceu, muito menos da forma como aconteceu.

        Mas, sem sombra de dúvida, motivados por razões outras (além das já expostas), os moradores de Alto Alegre, através das invasões, vêm, na verdade, mostrar claramente que não tem mais medo de se manifestar perante o Poder Público e a Sociedade, coisa inimaginável em tempos idos, mas não tão remotos. Sim! Durante doze anos, o povo alto-alegrense portou-se como um povo submisso, subserviente, capacho dos desejos, devaneios e quimeras dos que o governavam. Tinha um suntuoso medo de dizer ou fazer qualquer coisa que fosse contrária à dita “ordem estabelecida” pelos senhores do poder. Vivia com um semblante triste, visivelmente sofrido, cabisbaixo, frutos do terror decretado por homens sem escrúpulos que, por este mesmo povo eleito, resolveram barganhar a alma, o sentimento e os bens humanos com situações de explícita exploração e deprimente humilhação. Eram pessoas sedentas de acumular riquezas e que fizeram desta Cidade um curral, onde mandavam e desmandavam em tudo e todos, tangendo como bois em direção ao matadouro todos os que não concordavam com eles e davam demonstrações claras de oposição a esta forma grotesca e ultrapassada de governar, mas que, infelizmente, ainda resiste em muitos rincões maranhenses e, por que não dizer, brasileiros. Alto Alegre era a Casa Grande e as casas dos moradores, as senzalas da fazenda. Os governantes eram os Senhores de Escravos. Difícil de acreditar? Talvez! Mas, não é irreal!

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        Estes Senhores de Escravos perderam o poder! E, é claro, não gostaram nada disso!  Portanto, imbuídos por um profundo sentimento de quem foi extraído da cômoda posição de mandantes, onde tinham e faziam o que bem entendessem, começaram uma verdadeira guerra contra os que lhes tomaram as regalias. Desde o resultado das eleições (não esperaram sequer a posse do novo líder, eleito pelo povo), iniciaram uma verdadeira campanha de terrorismo contra todos os que apoiaram e lutaram para mudar os “viciados” em governo da Cidade. E, ainda hoje, buscam mil e uma maneiras de iludir, ludibriar e ameaçar as pessoas, como se as mesmas ainda fossem marionetes em suas mãos. Levantaram e continuam levantando calúnias, difamações, dissensões e ações para destruir, a qualquer preço, o novo governo.

        Vocês devem estar se perguntando: o que tudo isso tem a ver com as invasões? Tem que, desesperados por verem a atual administração realizando obras e ações, uma atrás da outra, em benefício da população e, com isso, conquistando cada vez mais o povo, os antigos donatários da Capitania Hereditária de Alto Alegre insuflaram atitudes nos seus comparsas, de modo a fazer do Prefeito e dos que com ele administram hoje a Cidade, os bodes expiatórios das invasões. Eles não imaginavam, contudo, que a ação perpetrada por eles fosse lhes atingir. Ledo engano! As pessoas se espalharam pelos quatro cantos da Cidade, promovendo invasões, inclusive de terrenos que eles afirmam lhes pertencer. Tal atitude desestabilizou por completo a oligarquia derrubada, fazendo-os perder noites de sono, buscando soluções para os conflitos, sabe-se lá como. Além do medo de perder o valor financeiro dos terrenos, o que mais lhes doeu (E ISSO É O QUE CHAMO DE VITÓRIA!!!), foi ter constatado que o povo, outrora submisso, hoje se manifesta livremente e contrário, mostrando a eles que não aceita mais o jugo da escravidão e humilhação por que passou! Que não lhes deve mais temor e obediência! Que tem coragem de enfrentá-los e brigar pelo que acha certo e justo! Acabou-se o tempo de “morrer calado debaixo de pé do boi”! Acabou-se o tempo de curvar-se diante dos senhores feudais! Acabou-se o tempo de concordar, por puro terror, com o que lhe era imposto!

        Quer dor mais cruel do que ver-se sem a realeza que um dia foi sua, tomada pela força da vontade popular? Quer humilhação maior do quer ver aqueles que lhes eram submissos com coragem suficiente para apontar o dedo na sua cara e dizer que não tem mais medo de você? Quer desespero ainda pior do que saber que a possibilidade de voltar a “mamar na teta” do governo está cada vez mais distante? Quer destruição tão grande quanto um Tsunami nas costas de quem se achava intocável? REPITO: ISSO, SIM, É VITÓRIA!!!

        Portanto, prezados alto-alegrenses (incluindo-se aqui os homens e mulheres que invadiram as terras nos últimos dias), não quero aqui incitá-los ou incentivá-los a continuar com as invasões, como alguém certamente dirá. Ao contrário, conscientes da decisão da justiça, eu os aconselho a voltarem aos seus lares, aguardando o andamento das ações. O tempo lhes dará a resposta.

        Alegrem-se, porém! Pois vitória maior do que a conquistada Alto Alegre jamais viu!

        E a vocês, derrotados pelo povo, deixoa máxima bíblica: “Despejou do trono os poderosos e elevou os humildes”!

Por Heider Carvalho

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